COMITI Ghjuvan' Maria

Versione :
Uriginale

Cunversa

O amicu littori, v’eccu u chjama è rispondi di un paghju di amichi, tramindui nati in issu cuntinenti tramindui pruffisori in Angoulême, l’unu, Francescu-Micheli di reffica sartinesa, è l’altru, Ghjirald’Antone, urighjinariu di u Cruzinu è fiddolu di Petru Antoni, l’autori di Detti è fatti è U paciaghju. Ùn ani mancu stampa a pratizioni di insignà à calchiadunu comu è ciò chì ci voli à pinsà annantu à certi cuncepiti. Innò ! D’altrondi quand’è si campa for’ da l’isula, comu schisgià i rapprinsintazioni sbagliati ed i stiriutipa.

ANTONI Ghjirald’Antone

ANTONI Ghjirald’Antone

ANTONI Ghjirald’Antone

(natu in parighji in u 1963), hè u figliolu di Petru Antoni, u scrivanu cruzinese. Prufissori di filusufia in Angulema, ha fattu i so armi ind’è a Scola Nurmali Superiora di Parighji (Ulm). Duttori di Filusufia, spicialistu di Sant’Austinu, hè l’autori di La Prière chez Saint Augustin, D’une philosophie du langage à la théologie du Verbe (Editions Vrin, 1997)

Versione :

À u puntu ghjustu

Pusà
à u puntu ghjustu
duve sole è tempu si basgianu
senza intoppu.
Tantu peghju per e cose
chì ùn volenu stancià.

COCO Emilio

-

Emilio COCO est né à San Marco in Lamis (1940) dans l'Italie du Sud où il réside. Hispaniste et traducteur, il est l'un des “passeurs” les plus compétents entre les littératures des deux péninsules, ibérique et italique.

Por um dia de inverno

O homem do talho morreu. Deixou mulher,
dois filhos e carne fresca estendida como roupa
no varal. Lembro-me do orgulho com que passava a mão
pelo cachaço. Lembro-me da peixeira
que nos acordava de manhã «peixe fresco
tão vivinho» e como era caro o estertor do linguado.
Mesmo as alfaces são frescas depois de mortas,
o molho de nabiças, até de uma cenoura esperamos
que seja fresca ali no prato com o linguado rigorosamente
apartado das espinhas. Tão fresco! O homem do talho
vai a enterrar depois do almoço. Agora jaz na capela mortuária

Pedras rubras

ao Hugo

Cinco horas p.m. eu ia na estrada para o Porto
e enquanto as tuas asas subiam
as minhas tinham ficado sob as pedras logo a seguir
ao check in. Sabes como é o campo
depois de tanta chuva? O campo que corre
a cem quilómetros por hora enquanto acima das nuvens
tu planas como se não houvesse leis? Hoje sinto
no corpo a lei da gravidade, a ditadura do peso.

Os passos sem mémória

Olho pela janela e não vejo o mar. As gaivotas
andam por aí e a relva vai secando no varal. Manhã cedo,
o mar ainda não veio. Veio o pão, veio o lume
e o jornal. A saliva com que te hei-de dizer bom-dia.
As palavras são as primeiras a chegar. O que fica delas
amacia o papel. Pão quente com o sono de ontem
e os sonhos de hoje. Prepara-se o dia, os passos
de ir e vir. Estou cada vez mais perto. Olhas-me
como se soubesses o que hei-de saber mais logo.
Nesta cidade nunca é meio-dia. Há sempre uma doçura

Opacidade do mundo

É tão bom começar a manhã com tudo o que
queremos ser neste dia, olhar sem medo pela
janela, ensaiar uns passos fora da pele.
Já não somos nós, nem mesmo é nosso o dia.
Tropeçamos nos olhos espantados à volta
do que vemos, precipitamo-nos para dentro e é tudo
o pouco que fizemos. Dizemos que a pele
é a nossa casa, enumeramos as assoalhadas,
a arquitectura sólida, as vantagens de grades
nas janelas. Depois fica-se triste até ao fim do dia.
Há quem faça compras ou coma chocolate,
quem diga mal de todos, quem não acorde a espreitar

Obra-Prima

Quando a tua mão acaricia a minha perna
os sensores da pele desencadeiam reacções sentimentais
e às vezes chego a ter uma reacção motora. O ângulo
da perna, a inclinação do pé - maravilhas-te com a paisagem
ocasional: depois da curva da estrada estabilizas o olhar
na curva do joelho. Os olhos impacientam-se em sacudidelas
invisíveis mas o espelho reflecte apenas imobilidade.
A sandália: o teu olhar vai do joelho à nudez do pé. Este pé
que calcorreia as ruas é também objecto de desejo: o pé

Pages