Macchu Picchu, inis mor

For Pura Lopez Colome

On the ferry out we talk about marvels:
The poet that left a mistress for his wife -
And translate images; they break the surface
Of our talk like new islands. To the west
A red heart bleeds over the airstrip,
To the east, licked by terra cotta flames
A Daz-white angel is fighting the devil for a soul-
He pulls desperately on one leg
But the devil has him by the head. The soul
Scorched and nearly torn in two
Is wearing a bainin jacket and Reebok trainers -

The spanish lady

What, you ask, made me want to get away?
Things that happened. Or didn¹t - you know how it is.
A dream of wrecked ships across the moon,
The belief, growing into certainty, that I was born
In Fuento Vaqueros in Southern Spain.
Years later, when an old man handed me
a red carnation in the Granada sun
I knew I had followed the right dream.

The lightcatchers

For Maeve on her eleventh birthday

St. Brigid's Day comes storming in
I make my act of faith in Spring.
The mystery of planting - what grows
In bleak or lush places is on us.
A courgette swells from orange flowers
And the untilled rock yields sea thrift.

We reaped the wind and you came
Child of hibiscus and cinnamon.
No statue from a cold museum
You spark and shine through every room
In the house. Home is the husk.
Soon you will shuck it off to go dancing.

O’MALLEY Mary

Mary O’Malley hè nata in u Connemara, in Irlanda. S’hè stata parechji anni in Portugallu induve sò nati i so dui figlioli. Fù eletta à l’Accademia irlandesa di l’artisti in u 1998. Cullabureghja assai cù a televisiò è a radiu, ci presenta parechji prugrammi di lettura literaria. E so ultime publicazione sò: A consideration of Silk, 1990; Where the Rocks float, 1993; Asylum Road, 2001.

Versione :

Cinco poemas de Viagem de inverno

Um salto de raposa sobre a estrada
último sol à beira da fronteira.
Depois somente a sombra
duma lua diurna
a câmara dos ecos
e círculos de corvos sobre a neve.

Viagem de inverno
metáfora fechada deslizando
em espelho opaco
gotícula de sémen
pulsando sobre pele infecundada
contexto desconexo

viagem literalmente de inverno
literalmente viagem
por estradas escorrendo rios turvos
nas ondas congeladas das montanhas
com troncos encravados
mastros brancos de frotas soterradas

MACEDO Helder

Nasceu em 30 de Novembro de 1935.
O seu primeiro livro de poemas foi Vesperal (Colecção Folhas de Poesias, Lisboa, 1957). O mais recente é uma antologia poética reúne selecções de dez títulos: Viagem de Inverno e Outros Poemas (Editora Record, Rio de Janeiro, 2000).
Publicou três romances, com edições em Portugal (Editorial Presença) e no Brasil (Editora Record): Partes de África, Pedro e Paula e Vícios e Virtudes. Pedro e Paula será publicado em tradução italiana (Einaudi) e espanhola (Tusquets) em 2001.

Versione :

Tataouine

(Deserto - o pequeno Emir dos Tuaregues)

O que devo é escrever
Agitando-me entre o meu eco e a voz
Entre o meu eco e a morte
Caminhando sobre as minhas artérias:
Esta corda estendida ... lentamente
Retendo-me entre o polegar e o médio
E descendo a tua escada que se despenha
Onde o sono treme sobre o polegar do sonho
Para escutar a areia, as gotas das goteiras
O galope dos cavalos, passos doces atravessando
A noite do deserto
Onde planam quimeras em voo prateado
Onde a sombra: poeira azul,
Sobe do abismo até ao céu verde

LOUHAÏBI Moncef

LOUHAÏBI Moncef

LOUHAÏBI Moncef

Natu in u 1949 in Tunisia, Hè prufessore à l’Università di Chairuanu di Lingua è Literatura araba. Corps visible et corps imaginé dans la poésie d´Adonis, hè u titulu di a so tesa passata in u 1987.
Opere publicate: TabLettes, Tunisi, 1982, De la mer viennent les montagnes, Tunisi, 1991, Manuscrit de Tombouctou, Tunisi, 1998, Métaphysique de la rose de sable (Prémio Chabbi), Tunisi, 2000. Cinema, Documentariu-Fizzione : Devant les portes de kairouan (visita de Paul Klee in 1914), Tunisi, 1996. En attendant Avérroes, , Documentariu-Fizzione , Tunisi 1998.

Mea culpa

Lamento profundamente
a ninhada afogada
pela Maria do Carmo
a meu pedido
a aflição do Nariz Branco os gatinhos molhados
que eu recolhi no quintal das Fredericas
que tiveram coragem
para os regar
mas que me disseram
eu não tinha coragem
a gata volta-se contra si levei os gatinhos
no saco de plástico
para casa
o Nariz Branco nunca
me fez mal
quis poupar os frutos do ventre
da gata
ao sofrimento
ou antes quis
poupar-me a mim
o sofrimento
de ver os gatos crescer asofrer

O vestido cor de Salmão

Ai de mim estreei o meu vestido cor de salmão
no primeiro baile a que fui
durante o baile fiquei sentada numa cadeira
ninguém me convidou para dançar
a uma rapariga importuna
que me perguntou porque é que eu
não dançava
respondi eu não sei dançar,
ela insistiu comigo para que eu
bebesse uma taça de champagne
eu acedi
mas não foi dessa vez que bebi champagne.
pela primeira vez
porque a rapariga entornou a taça
no meu colo
julgo que propositadamente
com a nódoa o vestido deixou de ser para bom

Pages