Macchu Picchu, Inis Mor
Puesia
No barco, ao largo, falamos sobre prodígios:
O poeta que trocou a amante pela mulher -
E traduzimos imagens; elas irrompem na superfície
Da nossa conversa como ilhas recém-nascidas. Para ocidente,
Um coração vermelho sangra sobre a pista de aterragem,
Para leste, lambido por chamas de terra cota,
Um anjo de uma brancura de Tide trava uma luta com o demónio pela posse de uma alma.
Puxa desesperadamente por uma perna
Mas o demónio tem-no agarrado pela cabeça. A alma,
Chamuscada e quase rasgada em duas
Usa um casaco à velha maneira de Connemara e ténis Reebok.
Deve ser a zona em que o gaélico é cultivado,
Mesmo de modo pouco natural,
que eles estão decididos a salvar.
Ele fá-los a ambos em pedaços
Com um resplendor dobrado em forma de T na G.
Que significado teria isto no México?
Bom, dizes-me em inglês com sotaque,
‘ O baixote do meio é quem está destinado a perder’.
O demónio põe-se a rodopiar e lança-nos um sorriso fugidio
Como Al Pacino. Eu entoo a ode de O’Flatharta às lajes de calcário
Que oferece as suas únicas florações à medida que erramos pela ilha.
Pequenos campos de primaveras e de gencianas
Têm a terrível frescura de crianças perdidas.
Aqui os suaves acidentes acham-se unidos ao trabalho árduo.
Os poetas dão pagãos impertinentes.
Chiapas, dizes tu, Chiapas, e contas-me
Que no México costumava haver terra vermelha.
‘E escorpiões’, para dar a derradeira picada.
Em comum temos conchas e sereias,
Ainda que mais tarde, em Dun Aengus, eu incline o meu corpo para fora das fendas
Nas lajes de calcário,
à cautela. Esta pequena cidadela de pedra
não se equipara a Oaxaca ou a Macchu Picchu,
mas serve para o mesmo propósito -
Um lugar tão bom como qualquer outro para que o passado se inicie,
Para entregar oferendas de antigos Deuses,
Celtas ou Maias, não importa.
São ídolos do nosso próprio desejo de consolar
Aqueles que varreram a porcaria
Deixada pela tortura, emigração, fome,
Vezes e vezes sem fim. Os que foram deixados para trás.
Deve ter havido nas suas vidas mais do que aquilo
que pensamos, devem ter cultivado uma singela fé,
nem que fosse apenas nos mortos que fazem as suas festas ao longo das praias,
o lamento fúnebre de uma viola, rosas brancas sobre as águas.