VARGAFTIG Bernard

Natu in u 1934 in Nancy induve campa. Insignante, fù dinù cunsigliere per a puesia à u serviziu di a Cullettività di Lorraine. Trà 1940 è 1944, passò a so zitellina à piattà si cù a so famiglia da a persecuzione nazì. Dapoi La Véraison, publicatu da Gallimard, sò esciuti 15 racolte di puesie di Bernard Vargaftig. S’hè occupatu dinù di a publicazione di antulugie, Poésie des Romantiques, è Poésie de Résistance. Hà vintu u premiu di l’Accademia Mallarmé cù Vitesse in u 1991. Participeghja à parechje riviste literarie, Action poétique, Europe, Faire-Part.

Intenção de Outono

Queria compreender o outono,
tantos e diversos amarelos,
caindo e atapetando o chão.
Fácil é o veréão,
Seu espetáculo de sol sobre o azul.
E a primavera com seu ramalhete
de bromélias febris; de acácias
e de orquideas selvagens.

Queria compreender o outono,
seus amarelios que caem;
sua intenção de aos poucos avençar
até a neve - o inverno
com seu horizonte de chumbo.

O Barco Bêbado

Mostrou o poema a seu amigo,
Com a certeza adolescente
De que na França, ninguém
Faria algo tão bom naquela época de ouro.

(E, provavelmente, estava certo)
Depois, mudou as armas; mudou
de ramo. Arranjou uma mulher.
E se acabou,
como a esfuziante for do hibiscus
que dura um dia, murcha e cai nochão.

(Há coisas grandes demais para os dezoito anos)

Ode ao silêncio

Vesti o silêncio com teu rosto.

Na passagem das horas, fiquei menos só;
fiquei mais triste.

Somente ao construir
a tua ausência
é que pude entender
de que consiste.

Não me importa o que tu és ou não és,
mas o que tanto foste
e que persiste,

ornamentando o silêncio.

As pa.l avras te recriam
do fundo irretocável do passado
como uma silhueta móvel.

IMST

Os altos, robustos, distantes
dedos estão crispados em torno
da palma da mão, com unhas de
creme - é uma concha; nela
uma pérola reluz, ao primeiro
sol de verão. Mais alto e
ainda mais distante,
o seio de Astrid convida-me,
mas transforma meu sonho
num exercício de contemplação.

TAVARES Ildásio

Hè natu in Baia in u 1940. Prufessore di literatura portughesa à l’Università Federale di Baia. Hà vintu parechji premii di puesia (Prémio Nacional de poesia Jorge de Lima, 1993), participeghja à cuttidiani, Diário de Notícias de Lisboa, o à riviste culturale, quella per un dettu iberuromanica, Serta. Hè statu traduttu in l’America latina sana ma dinù in l’America suprana, è in Europa. Puemi, rumanzi, assaghji, hè ricca l’opera di Ildásio Tavares. Frà altri, i so ultimi libri esciuti: Livro de Salmos, 1997; Odes Brasileitas, 1998; Arenga (cù Casimiro de Brito), 2000.

Versione :
Uriginale

Terrazza di caffè

Trad. Ghjuvan Maria Comiti

O nome do cão

O cão tinha um nome
por que o chamávamos
e por que respondia,
mas qual seria
o seu nome
só o cão obscuramente sabia.
Olhava-nos com uns olhos que havia
nos seus olhos
mas não se via o que ele via,
nem se nos via e nos reconhecia
de algum modo essencial
que nos escapava
ou se via o que de nós passava
e não o que permanecia,
o mistério que nos esclarecia.
Onde nós não alcançávamos
dentro de nós
o cão ia.
E aí adormecia
dum sono sem remorsos
e sem melancolia.
Então sonhava

D’après D. Francisco de Quevedo

Também eu ceei com os doze naquela ceia
em que eles comeram e beberam o décimo-terceiro.
A ceia fui eu, e o servo; e o que saíu a meio;
e o que inclinou a cabeça no Meu peito.
E traí e fui traído,
e duvidei, e impacientei-me, e descartei-me;
e pus com Ele a mão no prato e posei para o retrato
(embora nada daquilo fizesse sentido).
Não subi aos céus (nem era caso para isso),
mas desci aos infernos (e pela porta de serviço):
comprei e não paguei, faltei a encontros,
cobicei os carros dos outros e as mulheres dos outros.

Na biblioteca

O que não pode ser dito
guarda um silêncio
feito de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,
quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,
em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,
as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.
Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,

Pages