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O caroço da notte

Un puema scrittu da Rosa Alice Branco dopu à u sugiornu in Batia, à l’occasione di e JMM.

A sala debruando o mar. As vozes verticais.
No côncavo do ouvido uma ilha cresce em cena
nas vozes em círculo e nas outras que abrem
para lá da plateia. O cello e a darbuca,
a procissão de violinos e os tam-tam que rompem
os vestidos de noite, passam o nó da gravata
para o fundo da garganta. Onde uma nota se prolonga
a outra recomeça. Como assaltantes
entram nas entranhas modulando os tempos,
cruzando as pausas com mil atenuantes.
Vieram de todo o lado e aqui se encontram
destecendo da ilha o seu contorno. Só chão
ou mar, só o cimo das montanhas onde se abraça
em cada árvore a raiz da terra. E nós sentados
na cadeira estamos dentro das cordas do piano
onde uma ilha inventa no canto a língua
que falamos. Tudo começa agora antes que partam
com os instrumentos na mão e o avião à espera.
A sala nua recebe ainda uma nota. É a flauta de um pastor,
uma cabra perdida na montanha, o caroço de um limão,
é vinho de mirto bebido pelos tímpanos. E sempre a ilha,
a escama da sereia furando o umbigo da terra.I gracini di a notte