A tua pele descalça
Veio uma onda. A varrer o meu sono.
Caminhava nele como caminho na areia.
Nada me une ou divide. Nada me retém.
Sentas-te onde me sento no teu colo
e peço sempre a mesma história. A tua voz
cria as memórias que hei-de ter. Por agora
caminho ao longo das gaivotas e grito como elas
quando a maré baixa. Às vezes apoio-me num rochedo
para dizer “casa” e logo desmorono. Sigo descalça
como tu para dizer “seguimos”. Mas são apenas sons
sob o sol de maio. Murmúrios do que não serei.
Sempre tive problemas com o verbo ser. Faço