DA BRASILE : IMPRESSIONE DI VIAGHJU IN CORSICA

Scontri di 31.01.2013

 L’amicu Luciano MAIA (si veca quì in a rubrica : autori) si hà fattu un’affaccata in Corsica. È si hè campatu à pruvà si la parlendu corsu. Hè vultatu maravigliatu in Fortalezza. Cuntentu cum’è un pichju ! Ùn hà mancu rifiatatu è si hè lampatu subitu à scrive e so impressione in a rivista in ligna : davanti à tamantu entusiasimu si puderia dì : « O Lucià, caccia ne à pena! » ma alè chì certe volte face prò… Lighjimu direttu chì ùn ci hè bisognu à traduce !

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1227706

Caro amigo Ghjacumu, bom dia!
Podes acessar "Luciano Maia - eo parlu u cursu",
artigo que publiquei no jornal Diário do Nordeste, hoje, domingo, 27 de janeiro.
Eu te autorizo a publicá-lo onde quiseres.

Grande abraço
Luciano Maia

última hora
INTERNACIONAL
Opinião DEBATES E IDEIAS

´Eo parlu u corsu´
27.01.2013

   A Córsega, se sabe, é uma ilha do Mediterrâneo ocidental (Mar Tirreno), ao sul da França e a oeste da Itália. Tem uma superfície de pouco mais de 8.680 m2 e uma população que alcança algo em torno de 300.000 habitantes. O clima é simplesmente mais que agradável: no inverno gira em torno de 11graus. Não se verificou, no final de dezembro passado e início deste janeiro, nenhuma temperatura abaixo dos seis graus centígrados. É hoje um destino turístico dos mais valorizados da Europa mediterrânea, com uma elevada apreciação por parte de quantos a visitam. Paisagens absolutamente deslumbrantes, a montanha lavando os pés no mar, florestas cerradas, o javali selvagem, rede hoteleira totalmente bem equipada, enfim, um destino turístico dos mais procurados.

   Mas não é exatamente disso que lhes quero falar: desejo reportar-me, ainda que brevemente, à Córsega histórica e cultural. Desde os tempos mais remotos, os gregos chamavam-na Kalista, ou seja, a mais bela. Ponto de encontro de várias civilizações, foi a Córsega, enfim, incorporada ao império romano desde o século II A.C. A romanização foi intensa, sendo a língua corsa um idioma nascido diretamente (repita-se: diretamente) do latim vulgar (falado) levado à ilha por colonos, soldados e administradores romanos, desde aquela época. Genoveses e pisanos disputaram, ao longo da idade média, o comércio com a Córsega, durante séculos. Aos primeiros coube deixar um legado mais importante, tanto na língua, como na feição arquitetônica das principais cidades. Mas o acento toscano é bem audível no corso. A partir de 1769, a Córsega passou ao domínio francês, não sem a heróica resistência por parte da população, que teve em Pasquale Paoli seu baluarte maior. É emblemática a paisagem do Ponte Novu, onde se deu a mais cruenta batalha contra os franceses, quando capitularam os corsos.

   Pois bem: hoje, a Córsega é politicamente território francês. Nas principais cidades, ouve-se a língua de Victor Hugo, partout. E é até pouco provável que se ouça o corso entre os empregados de hotéis, restaurantes, as pessoas em trato com os turistas. Mas, atenção: Se você quiser ouvir a língua corsa, terá com certeza a oportunidade de consegui-lo: saindo de Bastia com destino a Ajaccio, de carro com motorista local, perguntei-lhe (seu nome, Henri, para turistas; para os mais curiosos, Enricu) se ainda se falava a língua corsa. Tomou-se de espanto. Me disse que coisa rara era ouvir de um turista essa pergunta. Mas, claro! Eu sou corso! E fizemos, a Ana Maria e eu, todo o trajeto - 153 km, três horas de viagem entre montanhas -, ele falando em corso e eu em italiano: as duas línguas são perfeitamente inteligíveis entre si. Daí resulta que os corsos são cidadãos franceses, falam normalmente o francês, mas guardam, como eles mesmos dizem, u corsu lindu è puru. Há uma literatura em língua corsa, incessantemente em crescimento. Os povos, quando conscientes de sua identidade, nutrem tanto amor pelo que é seu que, mesmo em circunstâncias adversas, como é o caso do corso em relação ao francês, enquanto línguas de comunicação, há uma desvelada intenção de não sucumbir enquanto nação e etnia. Gostei de ter ouvido: So corsu, signò!

   Parabenizo, aqui, o meu amigo poeta e professor Ghjacumu Thiers, da Universidade de Corti, um dos grandes defensores da cultura corsa, em todo o mundo. Há tempo eu pretendia realizar uma viagem à Córsega, porque tinha a certeza de aqui encontrar o que encontrei: uma paisagem magnífica em torno dos minúsculos paesi (Biguglia, Veru...), aldeias incrustadas nas encostas dos montes, onde mais que nas cidades visitadas pelos turistas, pode-se ouvir a língua de Napoleone Bonaparte, antes dele tornar-se Imperador dos Franceses, sendo corso nascido em Ajaccio, um ano depois de ter-se assinado o tratado de Gênova (1768) a partir de quando teve início o domínio francês

Luciano Maia

Professor da Unifor