MACEDO Helder

Nasceu em 30 de Novembro de 1935.
O seu primeiro livro de poemas foi Vesperal (Colecção Folhas de Poesias, Lisboa, 1957). O mais recente é uma antologia poética reúne selecções de dez títulos: Viagem de Inverno e Outros Poemas (Editora Record, Rio de Janeiro, 2000).
Publicou três romances, com edições em Portugal (Editorial Presença) e no Brasil (Editora Record): Partes de África, Pedro e Paula e Vícios e Virtudes. Pedro e Paula será publicado em tradução italiana (Einaudi) e espanhola (Tusquets) em 2001.

Versione :

Tataouine

(Deserto - o pequeno Emir dos Tuaregues)

O que devo é escrever
Agitando-me entre o meu eco e a voz
Entre o meu eco e a morte
Caminhando sobre as minhas artérias:
Esta corda estendida ... lentamente
Retendo-me entre o polegar e o médio
E descendo a tua escada que se despenha
Onde o sono treme sobre o polegar do sonho
Para escutar a areia, as gotas das goteiras
O galope dos cavalos, passos doces atravessando
A noite do deserto
Onde planam quimeras em voo prateado
Onde a sombra: poeira azul,
Sobe do abismo até ao céu verde

LOUHAÏBI Moncef

LOUHAÏBI Moncef

LOUHAÏBI Moncef

Natu in u 1949 in Tunisia, Hè prufessore à l’Università di Chairuanu di Lingua è Literatura araba. Corps visible et corps imaginé dans la poésie d´Adonis, hè u titulu di a so tesa passata in u 1987.
Opere publicate: TabLettes, Tunisi, 1982, De la mer viennent les montagnes, Tunisi, 1991, Manuscrit de Tombouctou, Tunisi, 1998, Métaphysique de la rose de sable (Prémio Chabbi), Tunisi, 2000. Cinema, Documentariu-Fizzione : Devant les portes de kairouan (visita de Paul Klee in 1914), Tunisi, 1996. En attendant Avérroes, , Documentariu-Fizzione , Tunisi 1998.

Mea culpa

Lamento profundamente
a ninhada afogada
pela Maria do Carmo
a meu pedido
a aflição do Nariz Branco os gatinhos molhados
que eu recolhi no quintal das Fredericas
que tiveram coragem
para os regar
mas que me disseram
eu não tinha coragem
a gata volta-se contra si levei os gatinhos
no saco de plástico
para casa
o Nariz Branco nunca
me fez mal
quis poupar os frutos do ventre
da gata
ao sofrimento
ou antes quis
poupar-me a mim
o sofrimento
de ver os gatos crescer asofrer

O vestido cor de Salmão

Ai de mim estreei o meu vestido cor de salmão
no primeiro baile a que fui
durante o baile fiquei sentada numa cadeira
ninguém me convidou para dançar
a uma rapariga importuna
que me perguntou porque é que eu
não dançava
respondi eu não sei dançar,
ela insistiu comigo para que eu
bebesse uma taça de champagne
eu acedi
mas não foi dessa vez que bebi champagne.
pela primeira vez
porque a rapariga entornou a taça
no meu colo
julgo que propositadamente
com a nódoa o vestido deixou de ser para bom

Avó Alda

Avó Alda de lar da terceira idade
em lar da terceira idade
até morrer
a fugir para a rua
a partir braços
a arranhar a cabo-verdiana
contratada para tomar
conta dela
arrancou os anéis dos dedos deformados
e foi pô-los na terra do vaso
da begónia
na varanda

Reconciliada com as memórias

“C'o largo Mar de tua Graça imensa?” D. Francisco Manuel de Melo, «Antes da confissão»

Eu no espelho
colada com cola
mais bela
do que dantes
como o prato Zen
que tem as fracturas sublinhadas
com ouro
obra da fortuna
má e boa
obra da falta de afecto
e do afecto
Narciso e anti-Narciso viver para crer

LOPES Idilia

(Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira) hè nata in Lisboa in u 1960. Hà fattu studii universitarii in Lisboa, di literatura è linguistica portughesa è francesa. Hà scrittu una pezza di teatru ghjucata in u 2000, A birra da viva.

Mí seri un àlter

Mí seri un àlter, e me vardavi mör
cume se varda 1'umbra nel durmí.
La mort la fa paüra dent al cör
e scappa dré d'un spècc, e quèl sun mí.
Vardi la vita e mör la vuluntâ:
fí sé ve pias, ma, per piasè, duprím !
Ciamím, ciamím, oh gent, fím no durmí,
che la mia storia senti smentegada
e mí deventi l'òm del mè murí..
Amur che vègn in mí da la slünada,
oh gioia d'aqua che la va tra i vív!

L'umbra d'un diu

L'umbra d'un diu passeggia den' de mì,
un temp che vègn daj oss, dal vìv, di ann,
aria de la memoria, del duman...
Mì vurarìss parlàgh, sentìl den' mì,
scultà la sua sapiensa, e, deslassâ,
savè che sun de lü e chi sun mì.
Ma l'umbra va e la turna, e sun luntan,
e senti dumâ l'aria di penser
ch'j porta el võj e dré vègnen i ser.
Oh diu, che te sté scund, sensa pietâ,
ti cerca i can e sculta se sun mì,
che l'òm urmai l'è mort, el s'è scurdâ.

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